
Todo ano é a mesma coisa. As felicitações dela chegam a ser cruéis.
Ela, que me enche de carinhos, de beijos, me cobre a noite, faz cafuné ...
Hoje, enquanto caminhávamos pelas ruas boêmias do rio vermelho, de mãos dadas, ela me contava segredos. Sussurrava ao vento.
Mas nesta época é sempre o mesmo discurso.
Com outras palavras e novas lágrimas.
E eu choro também, feito uma menina boba
pois não consigo ver lágrimas nos seus olhos
por mais que sejam de alegria, satisfação. Mais um ano se passou e recomeça aquele discurso "velho e relho".
E lá vem ela contar desde as primeiras contrações, o parto, o meu nascimento...
Como se fosse pela primeira vez
para um amigo distante.