dezembro 31, 2011

Asperatus

Nuvens. Nuvens de algodão doce. Doces como caramelos. Caramelos produzidos na esquina. Esquina que correm os gatos. Gatos sorridentes nos muros. Muros com pequenos flocos. Flocos branquinhos caindo. Caindo como pequenas gotas. Gotas que refletem luz. Luz que não há nesse céu. Céu que não há estrelas. Estrelas? Só as que caminham nas ruas. Ruas molhadas da chuva. Chuva que nunca cessa. Cessar feito a cantoria. Cantoria de uma mulher. Mulher que declama esses versos. Versos numa língua estranha, indecifrável, sem cognatos. Cognatos que martelariam a certeza. Certeza dos ondulantes rabiscos certos. Certos como os elefantes que vi nas primeiras nuvens.
 I love the clouds… the clouds that pass… up there… up there… the wonderful clouds!
[The Stranger, Charles Baudelaire]