julho 01, 2012

Ventando a margarida

Foi assim, numa tarde qualquer. Depois de um bom tempo. Pra ela não era mais suficiente. Sempre soube que queria mais, precisava de mais, mas não sabia o quê. Até que foi lá, como quem não tinha nada a perder (e não tinha mesmo) e perdeu. A vergonha. Foi daquela maneira, autônoma. Seguindo os seus passos, os seus desejos, as suas vontades. Um colo, um carinho, mesmo que desajeitados, fazendo sentir falta de um passado que nunca existiu, mas ainda faz falta. "São lágrimas presas demais, elas tem pressa." Pensou sem segurar-las. Às vezes a vida soa inútil. Ainda mais numa prisão. Infeliz até as lágrimas. São dois baldes derramadas. Água colhida nas botijas é se maltratar muito. Mesmo parecendo tão cruel. Tão necessário. Foi preciso dar colo, esse calor quase maternal, pra assim sentir um novo. Um novo com gosto de falta. Foram muitas promessas. E vem o ódio por não ter-las vivido. Numa tarde, num domingo, no dia primeiro de julho, eu encontrei-a.