agosto 08, 2012

I need to get my story straight

Era verão. Ou início de. Me sentia a vontade pra qualquer aventura, pra qualquer coisa, estava preparada. As coisas não costumavam acontecer nessa cidade, não costumavam dar certo. Mas acreditei. E me joguei, fui de cabeça ao encontro do agora. Primeiro um café, risos, falar da vida alheia. Constrangimento. Queda de canudo. Silêncios. Segundo umas cervejas, risos, piadas. Aí foi surreal, foi mágico. Todos os desencontros pra torná-lo único. Ligações perdidas, mensagens não lidas, adeus não dado. Na distância nos fortalecemos. Era pra ser. Era diferente. Era lindo. Chegamos à síntese de todos os números. Passadas as estações ele voltou.  E não era ele. Era qualquer coisa. Só sei que era assim e não estava preparada. Ainda não estou. Como quando saboreamos um sorvete e na melhor parte ele cai. Fiquei perdida. Achava que tinha encontrado o que tanto procurava. Que tinha encontrado a felicidade. Porém é sempre assim, quando mais estou feliz, mais em mim, mais conhecedora do meu mundo, puxam o meu tapete. E agora a chuva cai e me mostra toda essa metáfora da felicidade. Continuo olhando para o céu. O que eu sei é que um dia ele resolveu ir embora. Não me disse, se manteve ao meu lado, inerte, absorto, apático. Cansei de prender passarinhos em gaiolas e o deixei voar. Ele foi alto, longe demais pra poder voltar. Até tentou algumas vezes. Veio e fez pequenas canções. A vida é liberdade. Foi então que comecei a chover. Trovejei. Você não gosta de mim? Sou muito magra? Estou feia? Às vezes mudo de humor muito fácil, não é? Não sou inteligente? Cansou dos meus atrasos? Tem outra? Não vai responder as minhas mensagens? Não sente a minha falta? Porque você me deixou? Até hoje aguardo respostas. Acho que nunca as terei. Sempre me prometo que quando a tempestade passar vou encontrá-las. Talvez isso aconteça. Talvez. Por enquanto não quero sair da cama. Me acalento nas incertezas. Agora mesmo sinto como se o meu coração, despedaçado em migalhas, estivesse num tablado com mil passistas sambando sobre. Desculpa se algum farelo incomodar seus olhos. Ainda me recomponho quando o vento passar. Por enquanto, permito que ele o leve. Até porque nada seca esse aguaceiro. E fingir que a tempestade terminou não fará com que a minha chuva passe. Amanhã acordarei e talvez nem esteja chovendo lá fora. Sei que não posso prever as coisas. Nem esperar muito por elas. Ainda quero que a felicidade venha me visitar. E, olha, se voltar a chover, paciência. Faz parte da minha metamorfose.