Hoje acordei sem acreditar em nada. Sem acreditar que estava em casa, sem acreditar no tempo, sem acreditar na moça do tempo, sem acreditar na água, sem acreditar na Mia, sem acreditar em você.
Acordei escolhendo uma roupa nova, nunca usada contigo. Uma roupa minha. Fui caminhar e desisti. Desisti pois esse clima não é meu, essa não sou eu. Tudo faz falta. Mas não tudo no que você estava presente, e sim, tudo o que eu era. Não consigo caminhar sozinha. Nem sei se um dia aprendi a caminhar. Mas uma hora eu consigo. Talvez ainda hoje, às oito da noite. Sem você e em qualquer bar.
Desculpa pelo seu sofrimento. E pela ausência dele também. Imaginei demais. Quis demais. Acertei demais. E o meu muito foi pouco. Você queria ainda mais. E aí? Aí encheu o saco.
Segundos, minutos, horas, dias, semanas, mês, ventos, oceano, cidades. estados, a tudo o que nos separa eu sou grata. Assim não faço mais bobagens. Assim não digo que te amo. Pois não amo. E descobri em paisagens azuis. E descobri em euskera. Descobri longe também, mas não tarde. Provavelmente minha vida mude muito mais, mais do que as minhas férias, mais do que prevêem. Leram na minha mão, desenharam nos meus sonhos, falei nas minhas mentiras, e agora, por incentivo de "alguém", a minha vida é outra.
Acabou, boa sorte!