Hoje eu acordei você. Seus pés , seus risos, seu histórico. Cheia de incertezas. Acordei nublada. Esperneando, feito menino bobo. Fui pro chuveiro e fiquei pensando em várias coisas bonitas, interessantes, legais pra escrever aqui. Mas entre o perfume e a roupa acabei esquecendo. Não fui tão você, você teria anotado na mão ou em qualquer outro lugar. Hoje me falaram que quando internalizamos um novo idioma, sonhamos com ele. Acho que internalizei você. Sabe como é brigar com alguém que fala uma outra língua? Você fica escutando e num dado momento todas as palavras são estranhas. Pelo menos pra mim foi assim. Já não entendemos nada. Não entendíamos faz tempo. Seu corpo se esvazia de todo orgulho e se enche de algo que até enjoa. Só de pensar. Fiquei cheia de vaidade por um tempo. Mas nem tenho mais. Estou aqui sempre esperando um sinal, uma deixa. Um motivo pra desacreditar. O mais difícil nesse fim é o início. Ele foi bossa demais. Mesmo demais não sendo tudo. Pra mim foi muito. Por algum tempo me conformei com o muito. Mesmo sabendo que o meu desejo é o tudo. E hoje, sendo você, fiquei cheia de saudades. Fiquei sentindo falta. Presa no nosso vazio. Que por mais que outros passeiem, tem dono e lugar marcado. É diferente quando sentimos falta do desconhecido. O desconhecido procuramos. Algumas outras coisas até preenchem. Mas quando a falta tem nome. Aí é complicado. Fica martelando. Dolorido. Ardido. Nublado. E essa falta apenas você