abril 05, 2011

Vamos conversar sobre nós dois?

Estou cansada disso. Cansada de me perguntarem sobre você, sabe? E, pior do que perguntarem, é a carinha de "poxa, vocês formavam um casal tão lindo" ou "acreditava em vocês". Não saberia reproduzir essas caras, mas sei bem como elas são. Pior do que elas é a sensação que vem depois. Sensação de vazio. Sensação de perda. Incapaz, é como me sinto. Então posso ir pra casa? Não dá mais pra ficar caminhando nas ruas. Não dá mais pra ficar esperando por ninguém. Às vezes sinto falta dos seus pés. Por que dos pés? Não sei. E olha que eles são feios. Você ainda os tem? Não os pés, mas aquele par de óculos que eu adorava. Você ficava sexy com eles. E sem eles também. Você recebeu a minha carta? Leu? viu que a única coisa doce que foi junta foi o meu perfume? Eu queria mandar uma lilith, seu doce favorito, lembra? Você lembra? De mim? Não, não estou falando de mim, estou falando de nós. Éramos parecidos sim, mas agora você é um covarde. Eu sei, eu também, não consigo sair do lugar, não é? Não tomo uma atitude. Isso nos iguala novamente? Somos melhores no quê? Eu queria ser muito boa em alguma coisa, mas muito boa mesmo, boa pra ter o reconhecimento suficiente e ser vaidosa. Quem sabe essa vaidade invade outras áreas da minha vida, e assim, como quem quer muita coisa, eu esqueço de você. Promete que não vai me estragar? Que não vai perturbar o meu futuro? Pára! Para AGORA de tocar esse violão. De mentir musicas pra mim. De fingir ser alguém. Você não existe. Você é imaginário. E eu te odeio. "MENTIROSA!". Minha consciência é alta. Tenho medo dela. Você consegue escutar? Não, não a minha consciência, a minha respiração. Está ofegante? Está estranha? Minhas mãos estão frias e suando. Consegue sentir? Não, não as minhas mãos, o que eu sinto. Você não me nota, não é? Não me entende. Não presta atenção. Lembra quando te levei no meu lugar favorito? Lembra? Agora estou falando do meu lugar favorito, bobo. Eu sei que você lembra de mim. Eu leio as suas cartas. Olha isso (...), o que você achou? Não, não é disso, o que você achou do que aconteceu entre nós? É difícil conversar com você. Parece até que falamos línguas diferentes.