julho 17, 2011

Transeunte

Da janela vejo passar o tempo
Pelas esquinas de passagem o vento
Acordo contente ao ouvir os passos
Dos desconhecidos, dos adormecidos, dos lançados maços
Nesse mesmo chão, onde durmo, os pés
Das pessoas escondidas ao revés
Roubando esta cena num assalto
À espera de ver brilhar o calor no asfalto
Onde as ondas os embalam para todos os lados
Longe dos faróis dos carros, iluminados
No balanço, com o transito, com a multidão
Transitando em transe sem comunhão
Perseguindo o caminho, mesmo que só de passagem
Numa esfera surreal, como numa miragem
A pensar que em nossas mãos passou o barro
E o Senhor, como eu, não acredita, nem diria,
Que com elas construíram essa via
Esse alto poste, nesse alto som, aqui, ao relento
Fico a imaginar, como num cata-vento
A sorte vir me buscar num bom dia
E levar de mim não a alegria
Mas o infortúnio de não ter o talento
De não saber o meu pertencimento
Como quem está apenas percorrendo, e sem correr
Essa contínua trilha até o amanhecer