março 11, 2012

Mute

O silêncio dói. É um tempo que não será recuperado. Deixa um vácuo, uma lacuna. Sempre me perguntei porque não gostava do silêncio. Na casa da vó, o silêncio da noite incomodava. Era silêncio de interior, daqueles que deixa o seu ouvido 'zumbindo'. Sou moça da cidade grande. Gosto de barulho, buzina, fumaça. A gritaria das ruas. O volume das rádios. Gosto de tudo demonstrando que estou viva. 
Nunca entendi frases como "quem cala consente" ou "a melhor resposta é aquela que não se dá"; mesmo sendo silenciosa, calada, muda as vezes, a resposta sempre foi a melhor resposta. Mesmo que ela seja tola. Mesmo que pareça tola. É preciso saber o que se pensa, discutir, chegar a um ponto comum, satisfatório para ambos.
Hoje, o silêncio que mais me incomoda não poderia ser abalado nem pela cantoria das cigarras. Silêncio de um telefonema, silêncio de uma mensagem trocada, silêncio de um toque (de mãos). Só me pergunto o motivo. E se já. O silêncio de hoje, não é o mesmo que me incomodava tempos atrás. A verdade é que eu sempre odiei o silêncio, mesmo sem saber o que ele significava.